quinta-feira, 7 de julho de 2011

Sentido de humor ou de dever cumprido?

Há (pelo menos) três casos na televisão pública de antigas "glórias" que há muito andavam afastados do pequeno ecrã. Falo de Luís Pereira de Sousa, Eládio Clímaco e (creio que) Eduardo Rêgo, a voz dos documentários da BBC Vida Selvagem.
Luís Pereira de Sousa e Eduardo Rêgo surgem agora no programa O Último a Sair, enquanto que o homem que durante anos foi sinónimo de Festival da Canção aparece em Portugal Tal e Qual.
Como digo no título, não sei se estes senhores decidiram divertir-se um pouco e apostar de forma descontraída na comédia, ou se foram retirados da prateleira à força e espetados nestes formatos. Seja qual for a explicação, aplaudo os três, porque fazem agora comédia com a mesma dignidade que sempre fizeram alguns dos programas mais importantes da nossa televisão.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Jardim Buddha Eden

À saída do Bombarral está o Jardim Buddha Eden. Mais uma das obras de Joe Berardo que abre (de forma gratuita) ao público uma exposição muito interessante de estátuas gigantes de Budas.
Tantas vezes procuramos no estrangeiro exposições e outros pontos de interesse, e se calhar poucos imaginam que no nosso país está este espaço, tão interessante, disponível e acessível para todos.
Pelo que li no site, este jardim foi criado por Berardo em resposta a uma destruição de estátuas gigantes pelos Taliban.
O espaço é muito tranquilo, dá-se um passeio muito relaxante e podemos tirar muitas fotos pertinho destes gigantescos Budas. Acho que é uma visita que vale a pena fazer.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

(Afinal não era) O Último dos Moicanos

O discurso do "sou deste clube desde pequenino" ou "estou no clube do meu coração" enche de alegria a quase totalidade dos adeptos de futebol. Parece por momentos que uma pessoa que está num lugar (para o comum adepto) de sonho se identifica verdadeiramente com aquilo que defendemos.
Eu não sou de ir nessa cantiga por dá cá aquela palha, mas há alguns que ainda me enganam; certamente que as juras de amor eterno de um Fábio Coentrão não me convencem, mas quando ouvi o antigo treinador (e guru) do FCP dizer continuadamente e com tanta convicção que não saía, quando ouvi o presidente dos azuis afirmar com toda a certeza que o técnico não sairia, e com os relatos de portismo que se iam sabendo de Villas Boas, estava sinceramente convencido que neste caso seria diferente.
Lembro-me de pensar que se estivesse no meu lugar de sonho, sentado numa cadeira parecida mas em tons de vermelho, teria o mesmo discurso. Lembro-me de pensar que afinal havia alguém no futebol que partilhava com os adeptos o amor genuíno por um clube. Estava enganado.
Com isto não faço uma crítica a Villas Boas mas sim uma auto-crítica. Tenho já idade suficiente e experiência como adepto para perceber que há valores mais altos que os do fanatismo. André Villas Boas foi profissional e escolheu com a razão, foi ganhar mais, com melhores condições de trabalho e para uma Liga incomparávelmente superior. A visibilidade e o reconhecimento que pode vir a alcançar são infinitamente superiores.
Mas sinceramente, não havia necessidade. Não havia necessidade de fazer aquele discurso para meses depois fazer isto. Teria sido perfeito manter um discurso coerente nesta matéria como foi em todas as outras, sempre foi equilibrado apesar de ambicioso, sempre foi justo nas avaliações apesar de por vezes agressivo, por que razão disse que não faria o que acabou por fazer?
Não sei, sei apenas que como adepto é mais uma demonstração que como nós ninguém sofre. Podem sofrer dentro de campo ou no banco à sua maneira, mas não é à maneira do adepto que ganhe ou perca no dia a seguir ergue a cabeça e (re)assume o seu clubismo.
Sobre a forma escolhida por Villas Boas para sair, nem uma crítica. O ex-pupilo de Mourinho terá aprendido alguma coisa com o Special One e evitou males maiores para si e para a sua família ao contratar uma empresa de segurança e ao comunicar ao FCP a rescisão por Fax. Lá terá tido as suas razões. Melhor do que ninguém conhece a peculiar dinâmica daquele clube e da relação entre direcção e principal claque. E de qualquer forma foi o próprio presidente que disse que não negociava com ninguém, era bater a cláusula e levar, foi o que aconteceu...

sábado, 7 de maio de 2011

Um reencontro especial

Corria o ano de 1991 quando um grupo de miúdos terminava a quarta classe. Correram lágrimas, o futuro era incerto, e alguns não sabiam o que os esperava.
Eu era um deles, e lavado em lágrimas, à porta da escola abraçado a alguns dos mais fiéis companheiros das traquinices da altura via o meu pequeno mundo (como eu também o era na altura) ameaçado. Entre juras de amizade eterna e lamentos, aquela imagem ficou-me gravada na mente.
Quase exactamente vinte anos depois, uma parte daqueles miúdos encontraram-se para recordar os bons velhos tempos, para matar saudades, para saciar a curiosidade de perceber o que era feito dos inseparáveis parceiros de outrora, mas, especialmente, para homenager uma grande Mulher, uma professora que nos orientou e educou nos primeiros anos da nossa formação académica.
Pode parecer estranho que alguém possa ter tido grande influência na vida de várias pessoas, apenas por ter feito parte da sua formação em pouco mais de três anos, e numa tão tenra idade, como era a dos seis aos dez anos; no entanto, a vontade de todos em voltar a ver aquela senhora, em prestar-lhe um simples mas sentido tributo, é a mais cabal prova de que a professora Glória foi uma professora diferente, um exemplo para muitos, e uma pessoa que nos marcou profundamente.
Mas, e agora falo por mim, não foi apenas a professora da primária que me deixou marcas. Ainda ontem recordei marcas que já não lembrava, como as físicas que o Bruno Marques e a Elisabete me deixaram numa troca de mimos que envolviam umas pedritas, como eu me ri e rio ainda neste momento a recordar aquela situação. Fora esta brincadeira que não podia deixar aqui de fora, as marcas que me deixaram foram essencialmente no espírito, ouvir as palavras que o Paulo Pinto nos dirigiu, em particular aquelas que me diziam respeito, deixa-me um profundo sentimento de orgulho, uma noção de que alguma coisa devo ter feito bem, e por isso agradeço ao Paulo por me recordar.
Não posso nem quero ser injusto e esquecer-me de alguém, todos foram especiais, todos me marcaram, mas a memória das brincadeiras com o Pedro e o João ainda hoje me deixam com o coração a bater mais depressa.
As primeiras paixonetas por todas as nossas colegas, sem dúvida as miúdas mais giras da escola primária nº 2 da Damaia entre 87 e 91, nunca podiam ficar fora deste pequeno tributo. Ainda ontem, quando já só os rapazes sobravam no encontro, lembrávamos os primeiros beijos, os esquemas que preparávamos para tentar um sorriso, um passeio de mão dada no recreio e, se tivéssemos muita sorte, um inocente beijo de crianças. Todos nos lembramos que a Joana e a Filipa Lopes eram inseparáveis, e tínhamos ainda a Sandra, a Ana Filipa, a Filipa Marques e a Elisabete. As recordações das brincadeiras com elas não são tão consistentes como as que envolviam apenas os rapazes, mas ninguém se esquece que a Joana estava sempre pronta a jogar à bola com os rapazes, que miúdos e miúdas disputávamos grandes jogos do mata, e que a nossa claque feminina nos jogos do campeonato da escola era a mais ruidosa e fiel.
Meus amigos, escrevo hoje com vinte e nove anos, teclo no meu portátil, mas por momentos fecho os olhos e imagino que tenho de novo nove anos e estou a escrever com uma caneta, provavelmente a BIC laranja, uma composição para a professora Glória a dizer o que de melhor se passou nos anos da primária. Abro os olhos e acordo para a realidade, não sem uma ponta de saudosismo, mas saudável, creio.
Ontem quando falei ao telefone com o Diogo, achei que não estávamos cada um com um telemóvel, mas que éramos de novo putos e estávamos em casa ao telefone fixo, dos antigos, com a roda dos números do telefone e não com os modernos digitais, e em vez de estarmos a recordar os bons velhos tempos estávamos sim a combinar ir combinar ir para casa do Diogo jogar no Spectrum que tinha disquetes.
Olho para o Costinha, hoje maior que eu, mas o que vejo é o miúdo que passava tardes em minha casa a brincar comigo e que partilhava comigo os recheados lanches que a minha avó nos preparava. O Bruno tem também que ser lembrado por ter sido o grande impulsionador desta reunião.
A competir com ele, apenas o Paulo Pinto que montou uma complexa máquina para encontrar o pessoal e conseguiu encontrar quase todos e os que ainda não encontrou certamente não vão conseguir manter o anonimato por muito mais tempo! Para o Paulo um especial abraço por ser alguém que sempre foi muito forte para superar as adversidades, logo desde a infância.
As tardes em casa do Bruno Marques, as cabeças partidas, os jogos de futebol, as jogadas que tinha com o Freitas, as zangas, as reconciliações, tantas recordações, mas não tantas como gostaria de ter.
O Pedro Carvalho, aquele que me acompanhou até mais tarde, a par da Joana, um amigo sempre presente no meu pensamento, mesmo com alguns anos sem falarmos.
Não posso esquecer o Bruno Alexandre, apesar de há muito não saber nada dele, a notícia da sua partida foi um choque, recordo o miúdo extremamente activo, imaginativo, o primeiro inventor que eu conheci.
A todos os que nomeei, mas não só, um muito obrigado sentido.