domingo, 15 de outubro de 2006

A um passo da insanidade

Recentemente fui mais do que uma vez a uma conhecida cervejaria com um nome tipicamente lusitano, em que a comida é excelente, os molhos são divinais, a cerveja acompanha de forma brilhante os pratos, enfim, o sítio ideal para estar com os amigos, família ou alguém especial.
Toda a parte do manjar é muito boa, mas, e espero que isto não aconteça só comigo, a parte do pedido é uma tortura sem igual! Eu bem tento imaginar tudo o que o empregado me possa perguntar, desde o teor alcoólico da cerveja ao modo como quero o meu guardanapo dobrado mas sou sempre derrotado por esses inquisidores mestres cervejeiros.
Eu fixo o olhar do meu adversário e bem lhe peço o bife de 250 gramas passado a meio termo, com molho à cervejeiro, acompanhado da guarnição de batatas fritas, com faca que corte bem, regado com uma imperial nem muito nem pouco fresca, no ponto, com um copo dos bons, peço manteiguinhas, pãozinho do dia para barrar com as já referidas manteiguinhas, azeitonas, e eu nem gosto de azeitonas é só mesmo para o lixar, um palito para depois do manjar que ele me vai servir, peço para a imperial vir antes da comida, digo que estou bem muito obrigado, especulo sobre as alterações no mercado e mesmo assim, mesmo assim aquele vil e intratável inquisidor do laço me consegue deitar por terra ao perguntar-me se gosto de muito ou pouco sal nas batatas, ou se a imperial é branca, turva, ruiva, preta, stout, austríaca, sueca, se a faca é de serrilha fina ou espaçada, se o garfo é de três ou quatro dentes, se quero bife com batatas ou batatas a acompanhar o bife, se o molho é quente ou frio...
Ele entra nas nossas cabeças, faz jogos demoníacos com a nossa mente, brinca com os nossos sentimentos e só descansa quando nos vê lavados em lágrimas a admitir que já frequentámos outra cervejaria de nome já não tão lusitano mas mais portugalês...
Cuidado, a qualidade da comida justifica a tortura mas não é para todos aguentar a provação...

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