domingo, 28 de setembro de 2008

Viandante

A Tapada de Mafra é um espaço lindo onde se passa umas boas horas, optando pelo meio mais cómodo onde fazemos uma visita guiada de comboio, parando num pequeno mas bonito museu dos coches e também noutro museu onde para além de várias espécies embalsamadas estão algumas das armas usadas na defesa de Lisboa aquando das invasões Napoleónicas.
Esta área magnífica criada no reinado de D. João V dá aos mais corajosos a oportunidade de fazer o percurso a pé, inclusive visitas nocturnas, as últimas do ano serão a 10 e 11 de Outubro. Durante a visita vemos algumas espécies, a mais comum são os gamos, mas também alguns veados, javalis ou com sorte o lobo ibérico e a águia de Bonelli, entre muitas outras...
Mas talvez o que mais se destaca é a diversidade da floresta, felizmente as consequências dos incêndios de 2003 não são muito evidentes e aos poucos a normalidade está a ser reposta. Outro programa que parece interessante é a possibilidade de se passar um fim-de-semana alojado na Tapada, para recuperar forças deve ser do melhor. Vale mesmo a pena!

Novos espaços

Quiçá se motivado pela entrada no curso de Jornalismo, iniciando assim a busca de um sonho adiado há muito, lancei hoje dois novos espaços, assim na barra da direita podem ver os links para os meus blogs, os dois que já conheciam, este mais generalista ou pirscrevendo mais virado para os meus devaneios literários, e um terceiro p4.aminus3.com onde coloco as minhas melhores fotos. Hoje iniciei um blog destinado ao comentário político, 1981Farpas e outro sobre desporto, como o nome indica, p4Sport.
Como sempre, lanço estes espaços com o desejo de que alguém os queira ler, e que perceba melhor a minha forma de encarar a vida, o desporto, a política, ou até a ficção, se a tal posso ambicionar...

sábado, 27 de setembro de 2008

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Amo-te avó

Vou contar uma História, sobre a maior contadora de Histórias que alguma vez conheci. Não vou contar a sua História, até porque quase ninguém o podia fazer, apenas um resistente com dois anos a mais que a sua História, se podia aproximar de uma tentativa, mas jamais pessoa alguma poderá ambicionar contar a vida de alguém que tanto viveu.
O que vos conto é um pouco, uma mui pequena parte da vida de uma Grande Senhora, uma Enorme Mãe, Sogra, Avó, Bisavó, Tia, amiga, companheira. Posso dizer que desde sempre a conheci, e foi uma honra. Tentei ser o que ela foi para mim, mas isso seria impossível, mais de noventa e cinco anos de idade de uma vida que foi dura, onde como ela dizia e nós atestamos, trabalhou muito e criou muito boa gente.
Há quase noventa anos, escapulia-se às escondidas do Pai que não aceitava que uma rapariga estudasse, e fazia os possíveis para frequentar a escola, e adquirir o conhecimento que a sua mente, desde sempre e até ao último momento, saudável exigia. Gostava de poder contar os pormenores com a mestria com que ela sempre fez, e perceberiam o que uma rapariga nos anos 20 do século passado tinha de suportar para conseguir realizar o trabalho que lhe era imposto, e ainda assim por mérito próprio e com uma arte bem sua, contornar os obstáculos que lhe surgiam no caminho.
Uma vez mais não sou a pessoa indicada para o fazer, mas falo-vos de uma pessoa que criou sozinha desde muito cedo os seus filhos, que se esfolava a trabalhar de formas que nós hoje podemos apenas imaginar, e mal, para num quarto dar tudo o que podia a esses mesmos filhos, e sofrer para que nada lhes pudesse faltar, porventura terá faltado algo de material, mas amor e abnegação é algo que tenho como um facto não lhes faltou, e digo-o porque falo de alguém que não sabia "não amar" os seus, como todos, à sua maneira, mas lutando como podia para fazer do nosso mundo, o mundo dos seus, um sítio bom para viver. E fê-lo! Sei de um episódio em que o seu filho, após partir as duas pernas, era transportado em braços por esta mulher de armas, esta força da natureza com quem tive o previlégio de viver e partilhar a sua vida. Sei das palmadas que este filho levava porque o amor pela bola era mais forte que o medo de apanhar por estragar os sapatos novos... Sei de tantas outras coisas que agora não me lembro, ou outras que são só nossas.
Ainda hoje descobrimos nas voltas que por estas ocasiões se dão, uma carta de recomendação que orgulha qualquer um do ano de 1957 de uma renomada empresa, a Prize Water House. Qualquer pessoa ou entidade que teve o prazer e tenho de me repetir, o previlégio de se ter cruzado com esta Senhora, pode e deve dizer o melhor dela, porque é essa a única verdade.
Falo-vos de uma pessoa dotada de um impar sentido de justiça, de tentar ser igual para todos, de não fazer diferença entre os seus meninos, e eu sinto honestamente que à sua maneira, exprimindo como sabia, amava todos por igual, sofria com a tristeza de qualquer um por igual, e ficava feliz com a alegria de todos da mesma forma, e digo-o sem sombra de dúvida. Sei das coisas que me disse sobre a minha pessoa, como sei o que pensava dos outros três netos, sei o amor que por eles nutria, e sei do bem que os seis bisnetos lhe fizeram, lamento que alguns deles apenas a vão conhecer através de nós, mas vão saber que a Bisavó Margarida os adorava e que mal nasciam fazia questão de lhes dar aquela prendinha dela.
Lembro-me dos dias perfeitos passados no Cartaxo, do cheirinho que aquela salinha à saída no pátio principal tinha, tão próprio, dos lanchinhos que ela nos arranjava, das brincadeiras, dos pirilampos, da cama de rede, da adega, e em cada pouco disso, está um muito da avó, e vocês os três sabem do que eu falo.
Lembro-me dos cantinhos que me arranjavas avó, lembro-me de tu já com as tuas limitações me perguntavas se queria que me arranjasses o lanche, ou me fizesses a cama, das histórias que me contavas e hoje estou roído por dentro porque não me lembro de muitas delas.
Contavas as histórias da tua terra, da tua vida, muitas repetidas, e só me arrependo das vezes que disse que já sabia, porque sei que hoje dávamos muito para ouvi-las uma vez, só uma vez mais. E só tenho o desejo que estejas em paz, e que tenhamos feito tudo para retribuir o muito que nos deste, porque olho para a família mais próxima, para já não falar dos amigos, e vejo que o que somos hoje, é muito do que fizeste por nós, olho para os meus pais, para os meus tios, para o meu irmão, para as minhas primas e vejo-te em nós. E posso dizer tanto, tanto mais, mas para já é isto que fica.
Adoro-te avó, adoramos-te, e olha por nós.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Receita para uma tarde perfeita

Pegar na máquina fotográfica e respectivo tripé, ir na companhia de sempre, dos bons e maus momentos, a companhia ideal para momentos perfeitos, seguir sem destino traçado e encontrar lugares à beira do mar, lugares esculpidos com mestria pela natureza, paisagens que dão uma calma interior, um desejo de que o tempo páre ali mesmo e nos deixe carregar as baterias que a vida vai consumindo... Sair daquele lugar e ir percorrendo a costa, à caça da magia dos rochedos, do cheiro inconfundível da maresia, parar num ponto onde outros amantes do mar, os surfistas vão aproveitando as magníficas ondas de Setembro, dum perfeito fim de tarde de Setembro.
E perdermo-nos naquele pedaço de tempo, sentir a cabeça mais leve, abraçar aquela perfeita companhia, e observar a dança que os homens das prachas protagonizam com o mar, enquanto a máquina vai captando uma e outra imagem, em busca da que melhor traduza aquela tarde tão bela...

A casa está vazia

Nos últimos nove meses é o sentimento dominante quando entramos, quando acordamos, ou simplesmente olhamos para a porta do quarto. Com períodos de maior ou menor ausência, a casa tem estado vazia, tristemente vazia. Como que se nestes meses de forma progressiva algo nos vá preparando para o vazio total, esse estado que queremos evitar, que nos recusamos a aceitar, com as forças que ainda nos correm pelas veias.
O silêncio por vezes é assustador, os olhares tristes e perdidos num qualquer pensamento ainda mais o são, e todos temos vivido com este vazio que esperamos ser temporário, à espera de voltar a ter esta casa cheia, com quem a ela pertence.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

sábado, 13 de setembro de 2008

Deolinda

Silêncio que se vai cantar o fado. E canta-se um novo fado em Lisboa e no país, da Damaia para o mundo, os Deolinda Lisboa são uma lufada de ar fresco na música feita e cantada em português. Triste é coisa que este fado não é, animado, inteligente e cativante. A voz de Ana Bacalhau mete respeito e até os vídeos são engraçados, pessoalmente qualquer video clip que seja gravado no ringue do Damaia Ginásio Clube tem tudo para ser um sucesso!
O álbum Canção ao Lado tem algumas canções que ficam no ouvido e uma letra em particular que quase podia ser um novo hino para o nosso país, é essa letra que vos deixo, não deixem de ouvir os Deolinda, de seguida quero assistir a um espectáculo deles que deve valer a pena.

Deolinda Movimento Perpétuo Associativo Agora sim, damos a volta a isto! Agora sim, há pernas para andar! Agora sim, eu sinto o optimismo! Vamos em frente, ninguém nos vai parar! Agora não, que é hora do almoço... Agora não, que é hora do jantar... Agora não, que eu acho que não posso... Amanhã vou trabalhar... Agora sim, temos a força toda! Agora sim, há fé neste querer! Agora sim, só vejo gente boa! Vamos em frente e havemos vencer! Agora não, que me dói a barriga... Agora não, dizem que vai chover... Agora não, que joga o Benfica... e eu tenho mais que fazer... Agora sim, cantamos com vontade! Agora sim, eu sinto a união! Agora sim, já ouço a liberdade! Vamos em frente, é esta a direcção! Agora não, que falta um impresso... Agora não, que o meu pai não quer... Agora não, que há engarrafamentos... Vão sem mim, que eu vou lá ter...

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Calma recomenda-se...

Portugal perdeu com a Dinamarca, é chato, pode complicar ou não as contas, deve perceber-se o que correu mal e tentar corrigir, mas não é mais do que isso. Calma, nem oito nem oitenta, da mesma forma que não percebo o invulgar consenso em torno de um seleccionador como acontece com Queiroz, menos ainda percebo que ao primeiro desaire os velhos do Restelo saltem para as luzes da ribalta. É verdade que se esta derrota acontecesse com Scolari muito pior se faria deste resultado, mas até eu que sou um defensor do Sargentão e gostava que ele ainda por cá estivesse, não compreendo o porquê de tanta conversa.
Portugal esteve bem, jogou futebol, tentou vencer, e só não o conseguiu por erros incriveis, falhanços quase inexplicáveis, Simão, Dany, Nani ou Nuno Gomes foram os mais flagrantes, um, apenas um destes golos a entrar e a vitória seria quase um facto consumado, mas entrar pelos "ses" não é o meu forte, o que quero dizer é que apesar do mau resultado, tendo em conta a primeira jornada do grupo, tendo em atenção a qualidade da equipa e o futebol que pode practicar, acredito que rapidamente voltaremos ao lugar que dá a qualificação. Talvez seja melhor perder já e ver que nada é garantido, para podermos encarar este grupo com o respeito necessário, entrando em qualquer partida com humildade e querer. A receita pode passar mais do que por os jogos com os principais concorrentes ao apuramento, pelos outros com aqueles países de nome esquisito e futebol ainda mais... Nesses é que é quase obrigatório não falhar, pois pode perder-se uma qualificação para o Mundial estupidamente.
Até ao próximo jogo muito mudará, teremos os atletas com maior preparação, e se tudo correr dentro do normal Ronaldo estará de volta o que é indiscutivelmente uma grande notícia, espero ainda que Mourinho coloque de vez Quaresma na rota de uma carreira ao nível das suas potencialidades, pois a selecção pode lucrar com isso.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

A terceira Era

Chegou a hora de colocar as dúvidas de parte, sou o primeiro a esquecer os receios que levantei sobre Queiroz, as alternativas que preferia ver no banco de Portugal e tudo o mais que neste momento possa apenas complicar e destabilizar. - Possivelmente começa agora a terceira Era das selecções nacionais, se considerar como primeira a do futebol de antigamente, o do amor à camisola, com as aspas necessárias, de algumas das melhores gerações do futebol português. Essa primeira Era, sem fazer uma apresentação muito vasta poderia ir até ao Mundial de 86 quando se passou o caso que todos sabemos e em que o profissionalismo emergente dos futebolistas e da indústria obrigou a uma renovação de métodos e mentalidades que chegaria com a aproximação dos anos 90. - Considerando como primeira Era esta que em poucas linhas aqui falei, terei aqui de fazer aqui um pequeno aparte necessariamente, isto que falo é apenas baseado no meu conhecimento que é como não pode deixar de ser, mais aprofundado nas últimas duas décadas. Assim admito que possa estar a reduzir de forma injusta e falaciosa tantas décadas de futebol, com resultados tão distintos. Esperando que me possa ser perdoada esta falha involuntária, passo para a que considero como segunda Era. E essa surge com aquele que é hoje o principal timoneiro da máquina que são as selecções nacionais de futebol, indiscutivelmente Carlos Queiroz trouxe uma maneira nova de formar futebolistas no nosso país, e em dois mundiais de juniores nasceram aqueles que formaram até hoje a mais bonita geração, a de ouro. Também aqui posso falhar ao misturar na mesma Era o trabalho que vem desde o fim dos anos 80 com a radical transformação que anos mais tarde Scolari viria a introduzir na estrutura da equipa das quinas, mas mais ainda nas mentalidades dos adeptos. Mas creio que é inevitável quando vemos que no primeiro grande teste deste treinador, o Euro 2004, Portugal contava com campeões de Riade e Lisboa como Fernando Couto, Rui Costa ou Figo. E também porque Scolari aproveitou de forma quase perfeita o trabalho positivo que foi feito na formação, eliminou alguns dos vícios que ainda continuavam instalados na federação e acolheu num novo grupo uma série de talentos a despontar, criando pela primeira vez um verdadeiro "clube" Portugal, um plantel com poucas oscilações transmitindo assim aos atletas uma confiança no seu trabalho independentemente do que faziam nos clubes. Depois de tudo o que Scolari em três competições, com duas qualificações pelo meio, alcançou e aquilo que esteve tão perto e sempre falhou por uma ou outra razão, depois de ondas de apoio colectivo que juntaram os portugueses em volta da equipa como nunca antes, até ao natural divórcio entre a selecção e o seleccionador que mais tempo esteve ao comando da mesma, mais ou menos amigável, mais ou menos litigioso, para o caso pouco interessa, resumindo, depois de tudo isto, a saída de Scolari determina o fim de um ciclo. s Entramos amanhã na terceira Era do futebol português no que toca à selecção, o regresso de Queiroz, mais profissional, mais experiente, com um impressionante currículo, goste-se ou não, passou por Sporting, Real Madrid e Manchester, para algo deve contar... Os resultados serão analisados mais tarde, agora é tempo de aproveitar o estado de glória que o novo seleccionador beneficia entre a comunicação social portuguesa, e acreditar que a nossa equipa pode continuar a empolgar como o fez desde os mundiais de juniores, parando até 96 com resultados menos bons, e desde 2000 até agora com sucessivas presenças nas competições mais importantes.
Com Queiroz virá por certo uma maneira mais profissional de abordar a estrutura que engloba todos os escalões de formação e a primeira equipa, esta nova abordagem poderá ter frutos se tivermos em atenção que hoje em dia a maioria dos atletas joga em campeonatos fortes, e assim não vêem, ou não deveriam ver a presença na selecção como umas férias do seu clube. A conseguir uma organização que se possa comparar à forma de trabalhar dos clubes de topo, a integração dos jogadores ocorre com mais naturalidade e o pouco tempo que sempre há para treinar será mais rentabilizado.
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Outra situação que espero que mude, tem a ver com os resultados das selecções jovens, especialmente a de sub-21. Com as provas dadas de Queiroz na formação, é com grande expectativa que aguardo profundas alterações na mentalidade de seleccionadores bem como de jogadores. Não se pode encarar a selecção de sub-21 como uns miúdos que andam ali a treinar, a maioria para não dizer a totalidade joga em grandes clubes, a exigência tem de começar mais cedo para não repetirmos falhanços como o Europeu que organizámos, passemos a marcar presença novamente no Mundial e que se comece já a preparar 2012 para que a presença nos Jogos Olímpicos seja uma realidade.
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Agora, sem bandeiras à janela, todos aguardamos com ansiedade para ver o pós Scolari, conscientes que temos alguns dos maiores do Mundo, mas que isso não basta, eu estou esperançado num apuramento com classe, mas o mais importante no fim de contas é que em 2010 estejamos com um sorriso na cara, ao lado da selecção e de novo em busca do sonho...

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Escolhas

Por vezes somos confrontados na vida com escolhas impossíveis de tomar, ou pelo menos muito complicadas... Mais complicado ainda se torna quando temos uma escolha, uma opção, que não é verdadeiramente nossa para a tomar em consciência.
O que fazer quando temos uma pessoa de família com uma idade extremamente avançada que é diagnosticada com um grave problema de saúde, e nos é comunicado que há necessidade de operar, sabendo de antemão que o factor idade aliado aos problemas de coração tornam esta uma doente de alto risco? Difícil não? Optar por ter fé, no que quer que se possa ter, e acreditar que a operação é um mal menor e o risco vale a pena, ou jogar pelo seguro, mas apenas um virtual seguro, já que a não operar, a pessoa vai certamente mais cedo ou mais tarde sofrer as consequências de tal opção?...
Todas estas dúvidas perdem um pouco de importância quando sabemos que a última e decisiva palavra cabe à pessoa em questão, o maior problema, ou melhor, a maior questão moral levanta-se quando os médicos dão a sua opinião, e nos pedem para, no caso de estarmos de acordo com a intervenção, influenciarmos a doente explicando-lhe os benefícios desse procedimente, tentando no fundo nós influenciar a própria decisão. Não estou a criticar o que nos foi pedido, pelo contrário, apenas tenho a dizer bem de todo o atendimento que a equipa médica está a dar, estou somente a tentar explicar um dilema, custa sofrer por antecipação, custa mais não o fazer... E o sentimento de culpa, de responsabilização por uma ou outra escolha, torna tudo tão difícil, tão pesado.
O mais bonito, talvez a única beleza que consigo retirar no meio de tudo o que tem acontecido a uma assustadora velocidade, é que a calma vem de onde menos eu podia esperar, é a pessoa que está nesta difícil situação que nos acalma com a sua boa disposição, com a voz da sua experiência, sem esconder o natural receio que uma intervenção destas inevitavelmente causa, mas com a fé possível, com a confiança nas pessoas que a estão a acompanhar, nas opiniões que lhe dão... A beleza vem de um olhar terno, de um sorriso cativante de palavras tão quentes...

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Brutalidade

A confiança da população na sua polícia é fundamental! E essa confiança ganha-se não só com resultados no combate à criminalidade, mas também pela forma como esse combate é feito, os métodos usados para deter ou impedir a escalada de um gesto isolado de forma a que este não se propague para uma reacção em massa tem de ser pensado com profissionalismo, bom senso e com uma preparação mais eficaz.
No passado sábado o país assistiu a uma atitude que nada de bom pode trazer ao futebol, a de um adepto que "salta" para o campo e agride um elemento da equipa de arbitragem. Desde logo tenho de questionar a facilidade com que uma pessoa abre a porta que dá acesso ao relvado e se dirige até ao árbitro auxiliar sem que ninguém o tente parar, essa devia ser a função dos assistentes que estão sentados à volta do relvado.
Depois deste gesto isolado, gerou-se uma pequena batalha campal que podia ter tido consequências bem maiores... Ora, o infractor depois de agredir o árbitro auxiliar, ainda parou para discutir com um segurança, e só depois se encaminhou para a bancada, onde naturalmente quando chegou encontrou o apoio de pessoas que possivelmente estariam com ele a assistir ao jogo. Naqueles segundos desde o momento em que entrou em campo até ter regressado às bancadas, um sistema de segurança eficaz iria evitar os incidentes que depois ocorreram. Tanto os seguranças por perto como alguns agentes da PSP poderiam ter impedido que o adepto regressasse ao seu lugar, mas não o fizeram, assim teve de entrar em força um grupo de vários polícias para arrancá-lo à força e naturalmente detê-lo. A partir daí tudo ganha contornos surreais, desde esse grupo de polícias já depois de levar o homem entre eles, continuar a usar e abusar da força bruta para o dominar, à natural revolta com que os adeptos que por perto assistiam não calaram. Revolta essa que alastrou às bancadas por onde a polícia decidiu regressar, correndo à bastonada indiscriminadamente todos os que os criticavam, estas imagens que a televisão não mostrou, não deixam indiferente até os que numa primeira análise defendiam que a polícia agisse prontamente contra o adepto que prejudicou acima de tudo, o seu próprio clube...
Esta brutalidade que se passou no Estádio da Luz revoltou milhares de pessoas que por ali assistiam a algo que estamos habituados a ver na televisão vindo de outros continentes. O que importa salientar é que a polícia nada fez para evitar esta desnecessária violência, ficando até ao contrário do que é habitual, em grupos nos corredores durante o intervalo, numa atitude de provocação que não lhes fica bem.
Resumindo, um adepto errou e por isso deve ser punido, antes ainda dessa punição deveria ter sido rapidamente dominado, se isso acontecesse, tudo o que depois aconteceu é no meu entender da exclusiva responsabilidade da polícia que parecia demonstrar uma sede de violência e do uso da força que não pode ser admissível a uma entidade que existe para assegurar a segurança pública. Possíveis frustações pelo crescimento da criminalidade violenta ou outro tipo de males que aflijam os nossos polícias são para ficar em casa, e não para descarregar em pessoas que não têem culpa desses problemas.