sexta-feira, 5 de setembro de 2008

A terceira Era

Chegou a hora de colocar as dúvidas de parte, sou o primeiro a esquecer os receios que levantei sobre Queiroz, as alternativas que preferia ver no banco de Portugal e tudo o mais que neste momento possa apenas complicar e destabilizar. - Possivelmente começa agora a terceira Era das selecções nacionais, se considerar como primeira a do futebol de antigamente, o do amor à camisola, com as aspas necessárias, de algumas das melhores gerações do futebol português. Essa primeira Era, sem fazer uma apresentação muito vasta poderia ir até ao Mundial de 86 quando se passou o caso que todos sabemos e em que o profissionalismo emergente dos futebolistas e da indústria obrigou a uma renovação de métodos e mentalidades que chegaria com a aproximação dos anos 90. - Considerando como primeira Era esta que em poucas linhas aqui falei, terei aqui de fazer aqui um pequeno aparte necessariamente, isto que falo é apenas baseado no meu conhecimento que é como não pode deixar de ser, mais aprofundado nas últimas duas décadas. Assim admito que possa estar a reduzir de forma injusta e falaciosa tantas décadas de futebol, com resultados tão distintos. Esperando que me possa ser perdoada esta falha involuntária, passo para a que considero como segunda Era. E essa surge com aquele que é hoje o principal timoneiro da máquina que são as selecções nacionais de futebol, indiscutivelmente Carlos Queiroz trouxe uma maneira nova de formar futebolistas no nosso país, e em dois mundiais de juniores nasceram aqueles que formaram até hoje a mais bonita geração, a de ouro. Também aqui posso falhar ao misturar na mesma Era o trabalho que vem desde o fim dos anos 80 com a radical transformação que anos mais tarde Scolari viria a introduzir na estrutura da equipa das quinas, mas mais ainda nas mentalidades dos adeptos. Mas creio que é inevitável quando vemos que no primeiro grande teste deste treinador, o Euro 2004, Portugal contava com campeões de Riade e Lisboa como Fernando Couto, Rui Costa ou Figo. E também porque Scolari aproveitou de forma quase perfeita o trabalho positivo que foi feito na formação, eliminou alguns dos vícios que ainda continuavam instalados na federação e acolheu num novo grupo uma série de talentos a despontar, criando pela primeira vez um verdadeiro "clube" Portugal, um plantel com poucas oscilações transmitindo assim aos atletas uma confiança no seu trabalho independentemente do que faziam nos clubes. Depois de tudo o que Scolari em três competições, com duas qualificações pelo meio, alcançou e aquilo que esteve tão perto e sempre falhou por uma ou outra razão, depois de ondas de apoio colectivo que juntaram os portugueses em volta da equipa como nunca antes, até ao natural divórcio entre a selecção e o seleccionador que mais tempo esteve ao comando da mesma, mais ou menos amigável, mais ou menos litigioso, para o caso pouco interessa, resumindo, depois de tudo isto, a saída de Scolari determina o fim de um ciclo. s Entramos amanhã na terceira Era do futebol português no que toca à selecção, o regresso de Queiroz, mais profissional, mais experiente, com um impressionante currículo, goste-se ou não, passou por Sporting, Real Madrid e Manchester, para algo deve contar... Os resultados serão analisados mais tarde, agora é tempo de aproveitar o estado de glória que o novo seleccionador beneficia entre a comunicação social portuguesa, e acreditar que a nossa equipa pode continuar a empolgar como o fez desde os mundiais de juniores, parando até 96 com resultados menos bons, e desde 2000 até agora com sucessivas presenças nas competições mais importantes.
Com Queiroz virá por certo uma maneira mais profissional de abordar a estrutura que engloba todos os escalões de formação e a primeira equipa, esta nova abordagem poderá ter frutos se tivermos em atenção que hoje em dia a maioria dos atletas joga em campeonatos fortes, e assim não vêem, ou não deveriam ver a presença na selecção como umas férias do seu clube. A conseguir uma organização que se possa comparar à forma de trabalhar dos clubes de topo, a integração dos jogadores ocorre com mais naturalidade e o pouco tempo que sempre há para treinar será mais rentabilizado.
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Outra situação que espero que mude, tem a ver com os resultados das selecções jovens, especialmente a de sub-21. Com as provas dadas de Queiroz na formação, é com grande expectativa que aguardo profundas alterações na mentalidade de seleccionadores bem como de jogadores. Não se pode encarar a selecção de sub-21 como uns miúdos que andam ali a treinar, a maioria para não dizer a totalidade joga em grandes clubes, a exigência tem de começar mais cedo para não repetirmos falhanços como o Europeu que organizámos, passemos a marcar presença novamente no Mundial e que se comece já a preparar 2012 para que a presença nos Jogos Olímpicos seja uma realidade.
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Agora, sem bandeiras à janela, todos aguardamos com ansiedade para ver o pós Scolari, conscientes que temos alguns dos maiores do Mundo, mas que isso não basta, eu estou esperançado num apuramento com classe, mas o mais importante no fim de contas é que em 2010 estejamos com um sorriso na cara, ao lado da selecção e de novo em busca do sonho...

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