terça-feira, 2 de setembro de 2008

Brutalidade

A confiança da população na sua polícia é fundamental! E essa confiança ganha-se não só com resultados no combate à criminalidade, mas também pela forma como esse combate é feito, os métodos usados para deter ou impedir a escalada de um gesto isolado de forma a que este não se propague para uma reacção em massa tem de ser pensado com profissionalismo, bom senso e com uma preparação mais eficaz.
No passado sábado o país assistiu a uma atitude que nada de bom pode trazer ao futebol, a de um adepto que "salta" para o campo e agride um elemento da equipa de arbitragem. Desde logo tenho de questionar a facilidade com que uma pessoa abre a porta que dá acesso ao relvado e se dirige até ao árbitro auxiliar sem que ninguém o tente parar, essa devia ser a função dos assistentes que estão sentados à volta do relvado.
Depois deste gesto isolado, gerou-se uma pequena batalha campal que podia ter tido consequências bem maiores... Ora, o infractor depois de agredir o árbitro auxiliar, ainda parou para discutir com um segurança, e só depois se encaminhou para a bancada, onde naturalmente quando chegou encontrou o apoio de pessoas que possivelmente estariam com ele a assistir ao jogo. Naqueles segundos desde o momento em que entrou em campo até ter regressado às bancadas, um sistema de segurança eficaz iria evitar os incidentes que depois ocorreram. Tanto os seguranças por perto como alguns agentes da PSP poderiam ter impedido que o adepto regressasse ao seu lugar, mas não o fizeram, assim teve de entrar em força um grupo de vários polícias para arrancá-lo à força e naturalmente detê-lo. A partir daí tudo ganha contornos surreais, desde esse grupo de polícias já depois de levar o homem entre eles, continuar a usar e abusar da força bruta para o dominar, à natural revolta com que os adeptos que por perto assistiam não calaram. Revolta essa que alastrou às bancadas por onde a polícia decidiu regressar, correndo à bastonada indiscriminadamente todos os que os criticavam, estas imagens que a televisão não mostrou, não deixam indiferente até os que numa primeira análise defendiam que a polícia agisse prontamente contra o adepto que prejudicou acima de tudo, o seu próprio clube...
Esta brutalidade que se passou no Estádio da Luz revoltou milhares de pessoas que por ali assistiam a algo que estamos habituados a ver na televisão vindo de outros continentes. O que importa salientar é que a polícia nada fez para evitar esta desnecessária violência, ficando até ao contrário do que é habitual, em grupos nos corredores durante o intervalo, numa atitude de provocação que não lhes fica bem.
Resumindo, um adepto errou e por isso deve ser punido, antes ainda dessa punição deveria ter sido rapidamente dominado, se isso acontecesse, tudo o que depois aconteceu é no meu entender da exclusiva responsabilidade da polícia que parecia demonstrar uma sede de violência e do uso da força que não pode ser admissível a uma entidade que existe para assegurar a segurança pública. Possíveis frustações pelo crescimento da criminalidade violenta ou outro tipo de males que aflijam os nossos polícias são para ficar em casa, e não para descarregar em pessoas que não têem culpa desses problemas.

Sem comentários: